homem é encontrado por acaso durante peregrinação
Para milhares de famílias brasileiras, conviver com o desaparecimento de um ente querido é carregar diariamente um peso invisível. A ausência não traz apenas saudade, mas um turbilhão de perguntas sem respostas, noites mal dormidas e a esperança teimosa de um reencontro, por mais improvável que pareça.
Essa dor silenciosa une quem compartilha a mesma espera e quando um reencontro acontece, a emoção transborda para muito além da família envolvida. Foi o que aconteceu com Enilson José dos Reis, hoje com 53 anos, encontrado durante uma peregrinação para o Santuário de Romaria, no Alto Paranaíba, Minas Gerais, após mais de três décadas longe dos irmãos.
Vestindo camiseta do Atlético-MG, bermuda e chinelos, ele caminhava no frio quando chamou a atenção de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ao oferecerem um casaco e consultarem o Sistema Nacional de Alarmes (Sinal), descobriram que ele constava como desaparecido.
O contato com a família não foi imediato, mas o monitoramento das autoridades e a cooperação do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) permitiram localizar Enilson dias depois.
O reencontro ocorreu no pátio de um posto de combustíveis em Uberlândia, reunindo os três irmãos vindos de diferentes cidades: Belo Horizonte, Arinos e Buritis. A história de Enilson foi marcada por separações precoces. Após a morte dos pais, ele e os irmãos foram criados por ramos diferentes da família.
Maus-tratos o levaram a deixar o lar ainda jovem, tornando-se trabalhador rural e, mais tarde, andarilho. Foram 26 anos vivendo nas estradas, sem endereço fixo. Agora, o reencontro reacendeu planos.
Ele expressou o desejo de se estabelecer na zona rural, trabalhar como diarista e conquistar um lar. Para Rosi Reis, sua irmã, o momento foi a realização de um sonho que jamais foi abandonado: “Nós nunca desistimos”. Essa história reforça que, mesmo diante de décadas de distância, a persistência e a esperança podem escrever finais surpreendentes.
